Publicado em: 06/03/2024 10:15:00
Reafirmando o seu compromisso em ser um espaço de acolhida, partilha e resistência, aconteceu nos dias 1º e 2 de março, em Lamim (MG), o 10º Encontro de Mulheres da Arquidiocese de Mariana. Celebrando a sua décima edição, o evento teve como lema “Mulheres, presença forte em defesa da vida”, que é o mesmo desde a primeira edição, e o lema “O abraço entre as mulheres é um ato de resistência e solidariedade”.
Abertura
Realizado pela primeira vez na Região Mariana Centro e sendo acolhido pela Paróquia Divino Espírito Santo, o evento teve início na noite da sexta-feira, dia 1º, com a celebração da Santa Missa presidida pelo Pároco local, Padre José Geraldo Magela Vidal, e concelebrada pelo Padre Antônio Claret Fernandes.
Com a presença expressiva de cerca de 150 mulheres de todas as idades e vindas das cinco regiões pastorais da Arquidiocese, após a celebração, ocorreu a cerimônia oficial de abertura. À ocasião, a mesa foi composta por uma representante de cada região, pelos sacerdotes e autoridades presentes, a Representante Leiga da Dimensão Sociopolítica, Silene Gonçalves, e a mediação de Leci Nascimento.
Santa Missa marcou a abertura do encontro.
Festejando à vida das mulheres e os dez anos do evento, a abertura foi marcada pelo caráter celebrativo, destacando a importância da comunhão e solidariedade feminina diante aos desafios, preconceitos e situações de violência sofridos pelas mulheres.
“A cada encontro, a gente aprende uma a levantar a outra porque não é fácil ser mulher neste mundo machista em que vivemos. Somos mulheres, somos guerreiras, somos de Deus. […] A Arquidiocese de Mariana vai formando uma família para cada uma de nós. […] Que bom que estamos aqui, hoje, em Lamim”, disse Luzia Neiva Bandeira, Coordenadora da CEBs na Região Mariana Oeste e representante do regional.
A programação do primeiro dia do evento foi concluída com um jantar festivo na Escola Estadual Napoleão Reis.
A luta das mulheres
Um momento de espiritualidade abriu as atividades do encontro no sábado, dia 3. Clamando pela vida e dignidade feminina, durante a oração, foram recordados fatos e momentos históricos das mulheres no Brasil, como a garantia do direito ao voto, em 1932, e a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006.
Pela manhã, as participantes puderam ouvir e discutir sobre o papel desempenhado pelas mulheres na sociedade. Para isso, foi realizada uma conferência com a participação da religiosa Passionista, Arlene Fonseca Simões; a Assistente Social, Márcia Alaide Ribeiro Sacramento; e a integrante do Movimento Moradia Popular, Sandra Assis Reis.
Compartilhando suas experiências de luta e de fé, as conferencistas contaram sobre suas trajetórias nas vidas religiosa, leiga e consagrada secular, respectivamente, mas também suas atuações em frente ao combate ao trabalho escravo e exploração sexual, a garantia pela moradia digna para todos e em defesa dos direitos humanos.
Em sua fala, a Irmã Arlene narrou sobre o trabalho da Rede “Um Grito pela Vida”, constituída por religiosos e religiosas, frisando que a luta e a defesa da vida ocorrem no dia a dia em todos os espaços. “É em meio as mulheres que me torno cada vez mais mulher. É em meio de vocês que me torno mais religiosa”, pontuou.
Questionada sobre o porquê permanece na luta, Sandrinha, como é mais conhecida, foi enfática: Jesus. “É por causa do meu povo machucado que acredito em religião libertadora, é por causa de Jesus ressuscitado que acredito em religião libertadora”, entoou, juntamente do público, os versos da música do Padre Zezinho, scj como resposta.
Por sua vez, Márcia ressaltou que durante a sua vida e trabalho como assistente social, observou muitas situações de dor e sofrimentos das mulheres, sendo isso o que a impulsionou a seguir o seu trabalho no Serviço Social e assumir como bandeira de luta. “Eu vi a dor das mulheres. Eu vi a dor e o sofrimento e, por isso, vou libertá-las”, contou. Na oportunidade, ela ainda fez um apelo para que as mulheres permaneçam juntas e atentas umas às outras.
Ainda pela manhã, além dos Padres José Geraldo Vidal e Antônio Claret, também estiveram presentes o Assessor Arquidiocesano da Dimensão Sociopolítica, Padre Marcelo Moreira Santiago, e o Vigário Episcopal da Região Centro, Padre Vanderli Reis Augusto.
Já a tarde de sábado foi reservada para um momento de partilha, quando sete mulheres compartilharam com as participantes seus testemunhos. Neste ano, uma novidade no Encontro foi que, no lugar das oficinas, foram realizados quatro painéis temáticos que abordaram assuntos ligados as experiências e vivências femininas. Foram eles: “Mulheres na Literatura”, “Mulheres e mineração”, “Mulheres nos espaços de poder” e “Saúde da Mulher”.
O 10º Encontro de Mulheres da Arquidiocese de Mariana foi concluído no final da tarde com a celebração de envio das participantes.
Sob a proteção do Divino de Lamim
Com a primeira edição realizada em 2015, em Barbacena (MG), essa foi a primeira vez que o Encontro de Mulheres foi realizado em uma paróquia da Região Mariana Centro.
“Foi com muita alegria que, quando a gente começou a procurar uma paróquia que pudesse acolher e conversou com o Padre José Geraldo Vidal, pároco de Lamim, ele, com muita alegria e com muito entusiasmo, aceitou a sediar o encontro em nome da Região Centro, com o apoio de toda região e do Vigário Episcopal”, recordou a Secretária da Região e integrante da Comissão de Mulheres, Heloísa Maria Câmara Milagres.
Mais do que na participação, a presença feminina foi essencial para a construção e realização do evento, tendo a atuação de muitas mulheres nas diversas equipes de trabalho do Encontro, seja na Comissão Arquidiocesana como na da cidade de Lamim.
“Quando ajudamos no planejamento de algum evento, formação ou encontro dentro das nossas funções de secretária regional, não temos dimensão do quanto cada detalhe é impactante para quem irá participar. Foi assim neste Encontro de Mulheres, o primeiro que tive oportunidade de participar e não só ajudar a organizar”, afirmou a Secretária da Região Sul, Ana Paula Mendes dos Santos.
Para ela, “em cada rosto, em cada abraço, em cada sorriso, [percebia-se] a gratidão daquelas que estavam ali, se identificando com cada detalhe. Foi emocionante ouvir as palestras e falas das convidadas para a mesa e roda de conversa. Foi lindo ver o quanto cada uma ali saiu tocada e levou para si algo que foi falado”, descreveu Ana.
O sentimento também é compartilhado pela paroquiana de Lamim Marlene de Assis Morais Reis, que integrou a Equipe de Acolhida do evento. Segundo ela, quando foi apresentada a proposta da Paróquia Divino Espírito Santo acolher o evento houve uma preocupação sobre como conseguiriam acolher todas as participantes, mas que a partir das conversas e orientações do pároco, as equipes foram sendo formadas e os trabalhos executados.
“Graças a Deus, nós fomos bem recebidos em todas as famílias e a maioria quis acolher as pessoas. Também nos ajudaram com doações de alimentos, de quitandas, doces”, relatou. De acordo com Marlene, o Encontro de Mulheres “movimentou a cidade”, tendo boa aceitação por todos e boa vontade em colaborar nas diversas frentes de trabalho como acolhida, ornamentação, cozinha, entre outras.
Na avaliação de Marlene, a experiência do evento foi muito boa. “Também várias pessoas da nossa cidade participaram do Encontro e gostaram. Foi um prazer muito imenso estar recebendo as pessoas na nossa cidade. Inclusive, eu fiquei muito satisfeita de poder acolher as pessoas em minha casa: abrir as portas não só da minha casa, mas da cidade para as pessoas de outras regiões”, destacou.
“Ressalto aqui não só a acolhida da cidade de Lamim, mas a preocupação e o cuidado, o empenho da cidade e da Paróquia Divino Espírito Santo em fazer a diferença neste fim de semana. Gratidão, emoção e carinho definem este 10º Encontro de Mulheres: uma comunhão de sentimentos e de experiências vividas”, declarou a Secretária da Região Sul, Ana, fazendo coro à fala de Marlene.
Encontro de Mulheres: dez edições sendo um espaço de acolhimento
Neste ano, o Encontro de Mulheres foi ainda mais especial, pois também celebrou o marco de estar em sua décima edição e reiterando-se como espaço de acolhimento, reflexão e partilha. Desde 2015, o evento é realizado anualmente, próximo ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, tendo ocorrido virtualmente em 2021 e 2022 devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
De acordo com a Representante Leiga da Dimensão Sociopolítica e integrante da Comissão de Mulheres da Arquidiocese, Silene Gonçalves, a cada ano, o encontro reflete sobre uma temática diferente, abordando assuntos como as diversas formas de violência contra a mulher e saúde da mulher. “A gente aproveita para refletir sobre as várias situações de desafio e de sofrimento das mulheres, mas também trazemos muitos temas que nos ajudam a nos posicionar, a garantir a esperança, a fortalecer”, disse.
Para Silene, esse encontro significa muito para a caminhada enquanto Igreja, onde as mulheres são presenças fortes. “Esse encontro tem um objetivo de trazer luzes nestes ambientes sombrios que nós frequentamos, mas também de ser raios de sol que ilumina, de mostrar uma grande caminhada no sentido do esperançar, de colocar as mulheres numa dinâmica de estarem sempre unidas, juntas, para que uma possa fortalecer a outra. Acho que esse é o grande espírito do nosso Encontro de Mulheres: fortalecer, animar e acolher. Sentir abraçadas nessa caminhada faz toda a diferença”, frisou.
Por ocasião do 10º Encontro de Mulheres e do Dia Internacional da Mulher, a Dimensão Sociopolítica e a Comissão de Mulheres da Arquidiocese divulgaram uma mensagem.
Texto: Thalia Gonçalves/Arquidiocese de Mariana
Fotos: Cândida Maria e Thalia Gonçalves
Fonte: Arquidiocese de Mariana
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