Publicado em: 09/09/2024 19:51:00
Desde 1995, o Grito dos Excluídos e das Excluídas acontece no dia 7 de setembro, em Congonhas, no primeiro dia do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Essa 30º edição teve por tema de meditação “Vida em primeiro lugar!” e lema “Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”.
Essa iniciativa de luta e resistência, promovida pela Arquidiocese de Mariana, considerando sempre o momento sociohistórico vivido pelo país, teve início às 8h, com concentração, acolhida, animação e apresentação teatral próximo à Igreja Nossa Senhora da Conceição.
A manifestação em si, o ato do grito, aconteceu nas escadarias dessa igreja, a partir das 9h, com a fala de várias lideranças que refletiram sobre os eixos propostos: 1) Grito – 30 anos de denúncia, resistência e anúncio; 2) Políticas públicas; 3) Democracia e Soberania; 4) Violências estruturais, patriarcado, racismo e machismos; 5) Povos originários; 6) Desigualdade, economia e justiça social. Uma das questões que mais recebeu atenção foi o projeto de lei do governador Romeu Zema, que prevê desapropriação de área particular em Congonhas para destinar à mineração.
Concluídas as manifestações em frente à Igreja Nossa Senhora da Conceição, às 11h, foi iniciada uma caminhada rumo ao Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, onde o arcebispo da Arquidiocese de Mariana, Dom Airton José dos Santos, presidiu a celebração da santa missa e padre Marcelo Santiago, coordenador da dimensão sociopolítica Arquidiocese discorreu sobre a realidade vivida atualmente pelos/as brasileiros/as. O evento foi encerrado com um almoço.
Paroquianos de São João Batista - Viçosa (MG)
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou notícias informando que a área corresponde a 261 campos de futebol e será destinada à expansão dos negócios da mineradora, que possui a maior barragem de rejeitos em área urbana na América Latina. A desapropriação coloca em risco dezenas de famílias, além dos danos que toda a população da cidade terá que enfrentar com o aumento da exploração na cidade, que já sofre com poeira e desabastecimento.
Questionada, a Prefeitura de Congonhas afirmou por meio de nota publicada em 9 de agosto que “em momento algum foi comunicada pelo governo do estado de MG sobre qualquer desapropriação de terreno de que trata o Decreto Estadual 496, de 12 de julho de 2024, que declara de utilidade pública, para desapropriação de pleno domínio, terrenos necessários à expansão da Mina Casa de Pedra (...). A Prefeitura de Congonhas informa ainda que está reunindo todos os detalhes sobre o referido decreto e seus desdobramentos para tomar as medidas necessárias e cabíveis”.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) considera a situação gravíssima e já mobiliza esforços para impedir mais esse crime. No último dia 14, o MAB realizou em conjunto com o Sindicato Metabase, uma reunião para propor ações de enfrentamento ao decreto. O MAB também considera insuficiente a resposta dada até então pelo executivo municipal e cobra das autoridades responsáveis, ações rápidas e efetivas para evitar que a CSN expulse famílias de suas terras e casas por força de decreto.
Veja aqui fotos do 30º Grito dos Excluídos e Excluídas.