Publicado em: 29/07/2024 21:12:00
A 12ª Festa da Trabalhadora e do Trabalhador Rural teve início às 14h no dia 28/07 com concentração e caminhada até à capela São Geraldo, Piúna, zona rural de Viçosa. No pátio, Sheila Gomes de Arruda, coordenadora da comunidade, acolheu os participantes e disse que o objetivo da festa é reunir os irmãos para celebrar a vida e as conquistas no campo. Também para conscientizar as pessoas em relação a agroecologia, alimentação saudável e cuidado com a casa comum.
Representantes de instituições parceiras da paróquia como o Centro de Tecnologias Alternativas Zona da Mata (CTA), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a Escola Nacional de Energia Popular (ENEP), o Movimento Popular pela Soberania da Mineração (MAM) e a Escola Família Agrícola Dom Luciano Mendes (EFA) discorreram sobre o tema que inspira a festa.
Marcelinho Soares, da Emater de Viçosa, disse ser importante colocar em prática cinco ações, já bastante divulgadas pelas mídias, para se alcançar a sustentabilidade ambiental que são: repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar. Antes de comprar algo é importante repensar, refletir sobre os processos socioambientais de produção, desde a matéria-prima, passando pelas condições de trabalho, distribuição, até o descarte. Recusar o consumo de produtos que geram impactos socioambientais significativos e reduzir a produção de lixo. Também reutilizar produtos que seriam descartados e reciclar o que for possível, transformando-o em algo novo.
Em seguida, Claudinea Ferreira, graduada em Educação do Campo pela UFV e militante do MAM, movimento pela soberania popular na mineração na Zona da Mata pontuou que quando a ameaça da mineração chega a um local, vários conflitos se instalam. Um deles é para acabar com a religiosidade das pessoas porque a religiosidade une as pessoas através da fé: “Se você acaba com a religiosidade, você desconecta essas pessoas e impede que elas se organizem para a luta”, disse.
Acrísio Santiago, diretor da Escola Família Agrícola Dom Luciano Mendes, ensinou um refrão que foi cantado por todos: “não vou sair do campo para ir à escola. Educação do campo é direito e não esmola. De lá não vou sair”. Em seguida falou do êxodo dos jovens que deixam o campo para estudar ou trabalhar e nunca mais voltam. Disse que a Educação do Campo é um direito do cidadão. Por isso, em Minas Gerais há 22 escolas famílias agrícola onde os estudantes aprendem sobre a terra, alimentação, água, agrologia, organizações cooperativa, associações.
Logo após, Mariana, secretária do Sindicato Rural, nomeou os benefícios do sistema previdenciário como aposentadoria, salário maternidade, etc. que todos os trabalhadores têm direito, inclusive os do campo, que precisa ter os documentos adequados para isso. Também se prontificou a esclarecer dúvidas a esse respeito.
Em nome dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da Paróquia São João Batista, Ivanilda Aparecida (moradora dos Nobres) relatou algumas das dificuldades enfrentadas no campo e pontuou a importância de as pessoas se manterem unidas na luta. Disse que as instituições parceiras podem ajudar quem precisar. “Eu tenho orgulho de morar na roça e trabalhar com a terra. Mas precisamos cuidar bem do meio ambiente, conhecer e correr atrás dos nossos direitos”, destacou.
Terminado o momento de fala dos representantes das instituições parceiras, a missa foi concelebrada pelo pároco, padre Geraldo Martins, e pelo padre João Batista Barbosa. Tanto no Ato Penitencial quando na Procissão do Ofertório, trabalhadores e trabalhadoras rurais apresentaram cartazes e símbolos da lida no campo, pedindo perdão pelas agressões feitas ao meio ambiente e sabedoria para produzir alimentos de qualidade, ao mesmo tempo em que cuidam da casa comum.
Refletindo sobre o Evangelho, Pe Geraldo disse que a mensagem de Cristo mostra a partilha como caminho para vencer a fome, superar as desigualdades sociais e construir uma sociedade justa e fraterna. Falou da importância da produção de alimentos em harmonia com a natureza, valorizando o saber acumulado por diferentes povos.
Ao final da missa, missionários e missionárias foram abençoados e enviados em missão para as 16 comunidades da paróquia. Foi plantada uma mangueira para marcar a realização da festa e houve uma grande partilha de alimentos. Um leilão de bezerros encerrou a festa.
Veja nossas fotos AQUI.