Publicado em: 24/02/2023 07:35:00
A Igreja no Brasil tem um jeito próprio de celebrar a Quaresma, promovendo a Campanha da Fraternidade (CF), que sempre reflete a realidade de vida de seu povo. Abraçando a oração, o jejum, a solidariedade e a prática do amor fraterno, todos os católicos são convidados a se deixar transformar e converter pela força do Espírito Santo.
Este ano, é a terceira vez que a CNBB apresenta o tema da Fome para a Campanha da Fraternidade. Assim, toda a Igreja é convocada a refletir sobre o assunto, assumindo o compromisso com os milhões de brasileiros e brasileiras que não podem se alimentar de forma digna. A ordem dada por Jesus a seus discípulos “dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt ) é o lema da CF de 2023.
Celebrando na Igreja São João Batista, o pároco, padre Geraldo Martins, pontuou que a prática quaresmal do jejum, da esmola e oração devem produzir mudanças internas. “Este ano somos convidados, de maneira especial, a olhar para quem passa fome com caridade e compaixão, colocando-nos no lugar do outro para servi-lo, a partir de sua necessidade e não dos julgamentos que fazemos dele”, disse.
Destacando a grande produção de alimentos no Brasil, lamentou o descarte criminoso e irresponsável: “A alimentação é um direito humano básico e a fome uma tragédia, um escândalo; a negação da própria existência. Ninguém pode morrer de fome. Não podemos ficar insensíveis e atribuir a fome do irmão à sua pouca disposição para o trabalho. A fome é contratestemunho de quem não reconhece a integridade da pessoa humana”, sublinhou.
Citando a escritora Carolina Maria de Jesus, que diz que “quem inventou a fome são aqueles que comem”, Pe Geraldo listou os aspectos sociopolíticos que causam a fome entre tantas famílias: estrutura fundiária brasileira, política agrícola que visa à produção do econômica em detrimento da vida humana, desemprego, subemprego, precarização do trabalho, política salarial e desmonte de políticas sociais bem sucedidas.
O celebrante enfatizou que as ações de combate à fome devem ser amplas, em termos pessoais, municipais e da União, de forma a valorizar a dignidade humana para que todos sejam sujeitos da própria vida e não tenham que depender de cestas básicas ou de ajuda de outros para viver.
“Que trabalhando juntos possamos definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome. Que esta Eucaristia nos faça caminhar pelos caminhos da conversão e assim celebrarmos verdadeiramente a Páscoa do Senhor”, concluiu.
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