Paróquia São João Batista

Cerca de 1500 pessoas de todas as regiões do país estiveram presentes, sendo que 37 participantes eram da região de Viçosa e Ponte Nova. Desses, 11 eram da Paróquia São João Batista, em Viçosa.

O Encontro Nacional é uma continuidade das atividades realizadas pelo Movimento Nacional de Fé e Política que teve sua primeira edição realizada em 2000, em Santo André, São Paulo. O último encontro, antes da pandemia do COVID-19, foi realizado em Natal, no Rio Grande do Norte em 2019.

O Movimento Nacional Fé e Política foi criado em junho de 1989, no Rio de Janeiro, durante um encontro de um grupo de pessoas unidas pela fé cristã e engajadas em movimentos sociais, partidos políticos e mandatos populares, com o objetivo de alimentar a dimensão ética e espiritual que deve animar a atividade política. 

Ao longo dos anos, o movimento trouxe para as reflexões o ecumenismo, ampliando o diálogo inter-religioso. O intuito é propiciar às pessoas que professam diferentes religiões e são engajadas na política um espaço de reflexão das atividades à luz da fé, dos valores do bem-viver e dos desafios dessa realidade marcada ainda pela pobreza e exclusão.

O evento contou com diferentes dinâmicas, momentos de oração e celebração, além de noite cultural. No segundo dia, o ponto alto do encontro foi a roda de conversa intitulada “Espiritualidade Libertadora: Política, Democracia, Arte e Cultura”, coordenada pelo pastor Leopoldo Cascão (seu nome artístico é escritor palhaço) e Maria Tereza Sartorio (coordenadora nacional do movimento fé e política). Também participaram o Dominicano Frei Beto, a Pastora Luterana Lusmarina, o cantor e compositor Zé Vicente, Sônia da CNLB (Nacional), e o professor e escritor Leonardo Boff.

Na tarde do sábado, os participantes se reuniram em diferentes grupos para o desenvolvimento das seguintes conferências temáticas:  1. Bem-viver, economia solidária, decrescimento e socialismo; 2. Eleições 2024: panorama conjuntural e desafios às candidaturas; 3. Educação política popular: encantar a política; 4. Cultura popular libertadora e uso de mídias digitais (comunicação); 5. Capitalismo de rapina e emergência climática: é possível evitar? Como combater?; 6. A pessoa de Jesus e os pobres; fé e política libertadora nos espaços eclesiais: tensões como fundamentalismos e o clericalismo; 7. Atualidade geopolítica e construção da paz mundial: o que é possível fazer nas bases?; 8. Terra para quem dela (e nela) vive (povos originários, MST, quilombolas e outros); 9. A arte como canal de transformação estrutural; 10. Formas religiosas populares (congada, folias, tradições afro, grupos pentecostais): campo de organização social e política popular. 

A coordenadora da dimensão sócio-política da paróquia São João Batista, Ana Lúcia da Silva, acredita que a metodologia do encontro proporcionou um encantamento com a política, devido ao envolvimento e à espiritualidade de tantas pessoas de diferentes denominações religiosas. “Arte, poemas, músicas, teatros, tudo estava conectado ao tema que é a política a serviço da vida e das transformações sociais, segundo o plano salvífico de Jesus, como diz o Papa Francisco”, destacou. 

Já a coordenadora de liturgia da comunidade Nossa Senhora Aparecida, Regiane, relatou que participar de um encontro todo direcionado à encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco, foi uma experiência rica em termos de conhecimentos gerais, política, cultura e convivência com tantos irmãos e irmãs das mais diversas denominações cristãs e não cristãs. 

“Encantei-me com a política que valoriza a fé e a fraternidade. A política não pode ser utilizada para benefício de um pequeno grupo. Ela deve visar ao bem comum. Fé e Política devem caminhar lado a lado. Se vividas com autenticidade, podem promover a construção de comunidades mais justas e igualitárias”, sublinhou Regiane. 

Como resultado do encontro, foi escrita uma carta compromisso que em breve será publicada. O encerramento foi uma grande celebração ecumênica, coordenada pelo padre José Mauro Godoy. No envio e bênção final, o professor Leonardo Boff desejou a todos muita esperança e coragem no encantamento com a política. Também foram distribuídos materiais para trabalho de base nas comunidades.

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