Publicado em: 26/07/2023 14:57:00
Os princípios da Doutrina Social da Igreja foram apresentados, nesta terça-feira, 25, aos 80 participantes da segunda noite da Semana Social que a paróquia São João Batista realiza até a próxima sexta-feira, 28. O pároco da paróquia São Sebastião, em Ervália (MG), padre Carlos Heitor Fideles, foi o conferencista da noite que contou, também, com presença de paroquianos de Nossa Senhora de Fátima e São Silvestre, de Viçosa (MG).
As atividades da noite foram abertas pela Pastoral da Sobriedade e pelos movimentos sociais que apresentaram, de forma breve, quem são e o que fazem. O Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) exibiu um vídeo mostrando os estragos da mineração na comunidade de São Pedro, município de Teixeiras.
O conferencista destacou a dignidade humana não só como primeiro princípio da Doutrina Social da Igreja (DSI), como também a base dos outros três apontados pelo Compêndio da Doutrina Social da Igreja. “Todos os outros princípios da DSI são abarcados pela dignidade da pessoa humana”, disse. “O termo pessoa humana dá um caráter personalista ao agir social da Igreja. Ele nos faz compreender que cada ser humano é único e irrepetível e, por isso, tem um valor incomparável porque é criatura de Deus. E cada ser humano tem uma dignidade que não pode ser violada”, sublinhou.
Padre Carlos Heitor chamou a atenção para o fato de muitas pessoas terem facilidade para compreender isso em algumas de dimensões e não em outras. “No ramo da bioética, com muita facilidade invocamos o princípio da dignidade humana. Mas não vemos isso na dimensão ambiental. Achamos muito normal a liberação da mineração”, observou, citando o vídeo apresentado pelo MAM. "Com muito entusiasmo usamos esse princípio para a defesa da vida, mas na na relação de trabalho a gente não considera isso e acha normal uma pessoa ser submetida a um regime de trabalho que a oprime”, completou.
O segundo principio apontado pelo conferencista foi o bem comum e, ligado a ele, o destino universal dos bens. “Este princípio nos faz perceber que, como a pessoa é capaz de socializar-se, o bem de todos é um valor a ser buscado. Mas ele não é a somatória do bem individual. Enquanto sociedade a meta a ser alcançada é o bem comum”, explicou. “Todos precisam estar bem culturalmente, economicamente, de modo igualitário”, acrescentou.
Segundo padre Carlos Heitor, a Igreja entende o bem comum como as propriedades que permitem ao ser humano progredir em qualidade de vida material social, espiritual. “Um desdobramento forte deste princípio é a destinação universal dos bens. A interpretação cristã dos primeiros séculos considerou, a partir do relato da criação (livro do Gênesis), que o acesso aos meios de subsistência é por direito natural comum a todos”, disse. De acordo com o assessor, a igreja reconhece a propriedade privada como um direito positivo, criado pelo ser humano.
A subsidiariedade é o terceiro princípio da DSI que considera dever do Estado “fazer aquilo que as pessoas sozinhas ou em comunidade não são capazes de fazer por si próprias de modo eficiente e responsável”. “Cada atividade da sociedade é confiada, primeiramente a grupos pequenos. O organismo maior deve subsidiar aquilo que o grupo menor não consegue fazer”, ressaltou padre Carlos Heitor. Segundo explicou, neste princípio, o enfoque é a participação nos organismos políticos como partidos, associações, sindicatos.
O último subsídio elencado pelo assessor foi a solidariedade. “Esse princípio nos faz perceber que não é bastante apenas o Estado garantir às pessoas seu direito de liberdade associativa, mas cabe a ele, por meio da assistência social e da justiça tributária, assegurar a justa repartição dos deveres de ajuda e solidariedade para com os mais pobres e desvalidos. Ele deve ser instrumento de solidariedade”, explicou.
Provocados pelos conferencistas, os participantes fizeram várias intervenções abordando os princípios da DSI. “A pena de morte é permitida?”, indagou Marcos Nunes. “Não, não pode”, respondeu padre Carlos Heitor. “A pessoa, em alguma circunstância, perde sua dignidade”, perguntou padre Geraldo Martins. “Não perde. A dignidade humana pode ser violada, mas ninguém perde sua dignidade. Se isso acontecesse, deixaria de ser pessoa humana”, respondeu o conferencista.
A Semana continua nesta quarta-feira, 26, com a apresentação das encíclicas sociais dos papas. A assessoria será de Marcos Nunes, que tem especialização em fé e política pelo Centro Nacional Fé e Política Dom Helder Câmara, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Fonte: Pascom
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