Publicado em: 29/05/2024 16:56:00
A roda de conversa aconteceu na terça-feira, dia 28/05, de 14h às 17h, no Centro Paroquial de Pastoral Dom Luciano Mendes, localizado atrás da igreja São João Batista. Contou com a presença de 28 pessoas, sendo a maioria mulheres moradoras das comunidades rurais. Também estiveram presentes o pároco da paróquia São João Batista, Pe. Geraldo Martins, e representantes da EMATER (Karina Bicalho e Marcelino Soares), CTA (Ângela e Daniel) e MAM (Neia).
A coordenadora da comunidade da Piúna, Sheila Gomes de Arruda, iniciou a reunião e disse esperar que a conversa traga luzes para o planejamento da festa do trabalhador e da trabalhadora rural, cujo tema é “Mãos na terra, no campo e na cidade, produzem alimento de verdade!”. O pároco explicou que a festa objetiva celebrar a vida, mas também lutar pelos direitos dos trabalhadores. “Que a nossa festa traga para os trabalhadores e trabalhadoras a consciência de sua cidadania”, disse.
Karina, técnica da EMATER, falou sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que investe na compra direta de produtos da agricultura familiar, estimulando o desenvolvimento econômico e sustentável das comunidades. Informou também que os agricultores interessados em participar do programa podem procurar a Emater para se inscrever. Também informou que, como parte dos festejos, a instituição poderá atuar mais próxima das comunidades de São Geraldo e São José nos meses de junho e julho.
Daniel, representante do Centro de Tecnologia Alternativa (CTA) enfatizou a importância da agroecologia e explicou que agro se refere à atuação do homem no campo e Ecologia é o cuidado com a natureza. Discorreu sobre a transformação no trabalho do campo, ocorrida nas últimas décadas, quando o homem foi substituiu pelas grandes máquinas e foi investido grandemente em agrotóxicos e adubos químicos.
“Para o agronegócio, só importa o lucro. Ele transforma a agricultura em renda e desconsidera o sofrimento dos animais, as relações entre as pessoas, a contaminação da água e do solo. “A terra está doente, os animais estão doentes, nós que nos alimentamos dos vegetais e dos animais também estamos doentes” sublinhou o representante do CTA.
A mobilizadora social do Movimento pela Soberania Popular da Mineração (MAM) Claudinea Ferreira (Neia) discorreu sobre a importância de incentivar os jovens a permanecerem no campo e falou sobre o curso de Licenciatura em Educação do Campo (Licena) da UFV que tem exatamente esse propósito: preparar os jovens para viverem do e no campo, de forma sustentável.
Os participantes também conversaram sobre as boas práticas agrícolas usadas na produção de alimentos seguros, de forma a cuidar da saúde humana, proteger o meio ambiente e melhorar as condições dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e sua família. Padre Geraldo completou que as preocupações apresentadas na conversa estão em harmonia como a Laudato Si, documento do Papa Francisco, onde ele defende uma ecologia integral, onde a terra e todos os seres estão interligados.
Ivanilda Aparecida, moradora da comunidade dos Nobres, lamentou que haja falta de diálogo entre as pessoas do campo e também pouco interesse dos residentes em se envolver em ações promovidas por instituições como a Emater ou o CTA.
Daniel (CTA) completou que dois fatores que mais reúnem as pessoas são a cultura e a religião e perguntou ao Pe. Geraldo como está a atuação da Igreja no que se refere ao homem do campo. O pároco respondeu que a Igreja sofre com as mesmas questões ideológicas e política da sociedade. “Há lideranças que apostam na agroecologia e há outros que acreditam no agronegócio. A Igreja é tão humana quanto qualquer outra instituição”, pontuou.
Durante a conversa foi sugerido que a Festa dos Trabalhadores reflita também sobre a questão de proteção às nascentes e o tratamento de resíduos no meio rural.