Publicado em: 25/03/2022 14:27:00
A Capelania da Universidade Federal de Viçosa (UFV) realizou, nesta quarta-feira, 23, o Seminário Educar para a Vida, na Igreja São João Batista, em Viçosa (MG), para discutir o tema da Campanha da Fraternidade 2022 – “Fala com sabedoria, ensina com amor”. Com o apoio das quatro paróquias da cidade, o Seminário reuniu cerca de 80 pessoas, presencialmente, além de mais de duas centenas, virtualmente, e abordou os temas Pacto Educativo Global e da Pedagogia do Encontro.
“Queremos oferecer conceitos e experiências que nos coloquem em sintonia com a Campanha da Fraternidade, trazendo elementos que podem enriquecer a prática educativa nas famílias, nas comunidades de fé, nos grupos sociais e nas instituições de ensino”, disse o capelão da UFV, padre Paulo Nobre, ao abrir o Seminário.
O professor do Departamento de administração da UFV, Alan Ferreira de Freitas, foi um dos conferencistas do evento e destacou a importância do Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco, para uma educação humanizadora. “O Papa nos lembra, no Pacto Educativo Global, que a educação precisa ser vista de forma ampliada, integral”, disse. “Que tipo de ser humano nossos modelos educacionais contribuem para formar?”, questionou o professor. “A guerra e a fome não construções naturais, mas dos seres humanos. A proposta de Francisco é transformar o mundo, transformando as pessoas. E quem faz isso é a educação”, acrescentou.
Ferreira esclareceu que o Pacto Educativo Global está estreitamente relacionado às encíclicas Laudato Si e Fratelli Tutti, do Papa Francisco. Chamou a atenção para a necessidade de “redesenhar o mundo”. “A humanidade não é uma comunidade de seres individualistas e competitivos. Nós fomos socializados nestes comportamentos e eles inviabilizam o cuidado com a vida”, ressaltou o conferencista, citando o Papa.
A professora do Departamento de Educação da UFV, Natália Rigueira Fernandes, na segunda conferência do Seminário, tratou o tem “Pedagogia do Encontro”. Ressaltando as fragilidades da educação brasileira, a professora chamou a atenção para a necessidade de se refletir sobre formação dos professores, a participação da população nos Conselhos Municipais de Educação, a presença da Igreja nas Universidades, e a contribuição de todos no caminho da acolhida integral e do diálogo cultural, além da inclusão efetiva das pessoas com deficiência nas escolas básicas e ensino superior.
Segundo a professora é preciso superar as “pedagogias do desencontro”, baseada na concepção do professor como centro do processo de ensino, na prática da premiação, na punição, na “perda de direitos”. Ela condenou “todo caráter mercantil de uma pedagogia de resultados” que, de acordo com a conferencista, aparece nos documentos da educação da década de 1990.
Para Rigueira, a educação precisa desenvolver um projeto que aponte para a cultura do encontro nos níveis político, religioso e pedagógico. Lembrou a pedagogia de Jesus na formação de seus discípulos. “É pedagógico lembrar as metodologias que Jesus usava. Ele trabalhava com uma educação nada tradicional com seus discípulos e apóstolos”, disse.
Interagindo com os participantes, os conferencistas responderam às questões apresentas, aprofundando os temas abordados. O coordenador do Seminário, padre Paulo Nobre, propôs a criação de uma comissão no município de Viçosa a fim de discutir de forma ampliada o Pacto Educativo Global.
Transmitido pelo canal do youtube da Arquidiocese de Mariana, o Seminário contou com o apoio das equipes da Pastoral da Comunicação das paróquias Nossa Senhora de Fátima e São João Batista, além do Departamento Arquidiocesano de Comunicação (Dacom), da Arquidiocese de Mariana. O músico e educador musical, Joubert Cost, animou o Seminário com apresentações entre as conferências.