Publicado em: 24/05/2021 06:03:00
No dia 16 de maio, festa da Ascensão do Senhor, a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações Sociais e, no dia 30, a Solenidade da Santíssima Trindade. Trata-se de uma boa oportunidade para vermos a relação que há entre a comunicação E o mistério da Trindade.
Direito humano fundamental, a comunicação traz em seu conceito o sentido próprio da pessoa humana como um ser dialogal, nascido para viver em comunhão. Segundo Paulo Freire, a comunicação é “diálogo na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”.
Para a Igreja, “a comunicação é entendida como um processo social, a serviço das relações entre homens e mulheres, favorecendo a comunhão e a cooperação entre as pessoas” e os meios de comunicação social “devem colocar seu protagonismo a serviço da promoção de uma cultura de respeito, diálogo e amizade” (CNBB, 2014). Assim, a “comunhão e o progresso da convivência humana” apresentam-se como “fins primordiais da comunicação social” (cf. CP, 1).
Compreendida não como “solidão do Um” (L. Boff), mas como “comunhão de três pessoas distintas”, a Santíssima Trindade é o modelo da comunicação perfeita. “Toda a comunicação humana está firmada na comunicação entre o Pai, o Filho e o Espírito. Mais ainda, a comunhão trinitária alcança a humanidade: o Filho é o Verbo, eternamente pronunciado pelo Pai; em e mediante Jesus Cristo, Filho e Verbo que se fez homem, Deus comunica-se a si mesmo e a sua salvação às mulheres e aos homens. (...) A comunicação na e pela Igreja encontra o seu ponto de partida na comunhão de amor entre as Pessoas divinas e a sua comunicação conosco” (Ética nas comunicações sociais, 3).
Nesses tempos em que muitos usam a comunicação para disseminar o ódio e a intolerância que dividem e levam à violência, busquemos na Trindade a inspiração da comunicação que, nascida do amor, faz comunhão e unidade na riqueza da diversidade e da pluralidade.