Publicado em: 31/08/2024 19:27:00
No próximo dia 6 de outubro, Brasil realiza mais uma festa da democracia com a realização das eleições municipais. Cumprindo nosso dever de cidadãos responsáveis pela construção de uma sociedade justa e fraterna, somos convocados a comparecer frente às urnas para depositar nosso voto naquele ou naquela que melhor responda ao que se espera de quem se apresenta para a função de prefeito/a ou vereador/a.
O tema da política não é bem visto por grande parte da população. São muitos os que dizem abertamente detestar a política. Entendo que, ao se expressarem assim, referem-se à politicagem e aos desmandos políticos que têm dado o tom na prática política em nosso país. Não à toa, os políticos estão entre os que gozam de menor credibilidade. Porém, quem mais ganha quando nos desinteressamos da política?
Em sua encíclica sobre a Amizade Social (“Fratelli tutti”), o Papa Francisco dedica todo o capitulo V à Política Melhor que ele define como “a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum”. Segundo o Papa, ela é necessária para “tornar possível o desenvolvimento de uma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social” (FT 154).
Francisco não desconhece o crescente desinteresse pela política, mas reafirma a necessidade de rever essa posição. “Atualmente muitos possuem uma má noção da política, e não se pode ignorar que frequentemente, por trás deste fato, estão os erros, a corrupção e a ineficiência de alguns políticos”. Ele, no entanto, nos questiona: “Poderá o mundo funcionar sem política? Poderá encontrar um caminho eficaz para a fraternidade universal e a paz social sem uma boa política?” (FT 176)
O que exigir de quem exerce cargo executivo como o prefeito? Dentre outras coisas, que tenha “conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes econômicos”. Que governe para todos a partir dos pobres e excluídos.
E dos que têm função legislativa, como vereadores/as? Que tenham uma “ação correta de fiscalização e legislação que não passe por uma simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao executivo”, lembrados de que sua relação “é, antes, com a sociedade que com o poder constituído, no Executivo” (Doc. 91 da CNBB, n. 40).
Sejam essas palavras luz para nos iluminar nossas escolhas no momento de votar.
* Artigo publicado no jornal O Mensageiro - Setembro 2024