Pe. Geraldo Martins

Pandemia em ondas

"Desde que foi descoberta, a Covid-19 foi tratada pelos cientistas como um vírus de alta letalidade, de difícil combate e de duração imprevisível"


Ansiedade, insegurança, medo, aflição, angústia, dor, tristeza, sofrimento... Coragem, luta, determinação, confiança, entrega, abnegação, solidariedade, esperança, fé... Estes são os sentimentos que se contrapõem no campo de batalha da vida contra a morte, criado pela pandemia do novo coronavirus. Quanto mais nos deixarmos guiar pelos sentimentos da segunda lista, tanto mais seremos vitoriosos.

Desde que foi descoberta, a Covid-19 foi tratada pelos cientistas como um vírus de alta letalidade, de difícil combate e de duração imprevisível. Quem apostou no contrário terá se rendido à ciência ante o caos que se instalou no mundo por causa desse inimigo invisível?

As variantes da Covid-19 não param de surgir, formando sucessivas ondas que, juntas, resultam um tsunami. No Brasil, as consequências têm sido desastrosas. Iniciamos abril com 12,6 milhões de infectados e mais de 300 mil mortos. O fim do auxilio emergencial, em dezembro do ano passado, mostra suas consequências com o aumento da pobreza e da fome. Retomado neste mês, bem abaixo do que era antes, será insuficiente para quem está em vulnerabilidade.

Cooperou para esse quadro lamentável, entre outras coisas, o presidente da república que, desde o início, desdenhou da doença, negou a ciência, não articulou ação de combate ao vírus, contrapôs-se às normas orientadas pelas autoridades sanitárias, estimulou aglomerações, combateu ações de governadores e prefeitos que levaram a sério as medidas de contenção do vírus, não assinou contratos de compra das vacinas logo que surgiram e, pior que isso, incentivou o uso de medicamentos comprovadamente sem eficiência no combate à Covid-19.

Os cristãos somos movidos pela fé e pela esperança. Da vitória do Crucificado-Ressuscitado vem nossa força para vencer esse mal. Não negligenciamos, porém, razão e a responsabilidade da organização política na promoção e defesa da vida pela qual somos todos responsáveis.

* Artigo publicado no jornal O Mensageiro de abril/21